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TPM: descubra agora 5 formas de lidar com ela

Existe mesmo essa tal de TPM?

 

Se você já apresentou alguns sintomas de tensão pré-menstrual (TPM), você certamente reconhece mudanças gritantes em seu corpo e na mente na semana anterior à menstruação. As cólicas menstruais são intensas, as mamas ficam doloridas, a irritabilidade fica alta e o choro vem fácil!

Por outro lado, quem nunca sentiu sintomas de TPM (os homens obviamente não vão sofrer com isso), poderia questionar se de fato isto seria apenas uma mudança “normal”, uma fase do ciclo menstrual da mulher ou de fato uma patologia.

Primeiramente, vamos esclarecer alguns pontos “polêmicos” sobre os conceitos referentes à famosa “TPM”: 

1) Tecnicamente não existe hoje mais o diagnóstico de TPM! 

2) Dentro do conhecimento psiquiátrico o que existe são, basicamente, três condições:

2.1) sintomas pré-menstruais: cerca de 70% das mulheres tem alguns sintomas na semana anterior à menstruação, tais como humor irritado; mudanças emocionais bruscas; alterações do apetite; cólicas menstruas; inchaço no corpo, etc. Para este grupo os sintomas são relativamente leves, sem maiores impactos na vida e não trazem grande sofrimento.

2.2) síndrome pré-menstrual (SPM): ocorre em cerca de 20% das mulheres e tratam-se de sintomas um pouco mais graves, trazendo maior sofrimento na vida da mulher, mas sem ainda atingir os critérios para o transtorno disfórico pré-menstrual (TPDP), a condição mais grave. Na tabela a seguir, listamos os principais sintomas. 

Sintomas físicos

Dor nas articulações, dor muscular, dor nas costas

Sensibilidade mamária ou dor

Inchaço abdominal ou inchaço

Dores de cabeça

Doença de pele

Ganho de peso

Inchaço das extremidades (mãos ou pés, ou ambos)

Sintomas psicológicos e comportamentais

Alterações no apetite, excesso de comida ou desejos específicos de comida

Fadiga, letargia ou falta de energia

Mudanças de humor (por exemplo, sentir-se subitamente triste ou chorando, aumento da sensibilidade à rejeição)

Irritabilidade

Raiva

Distúrbios do sono

Inquietação

Pobre concentração

Retraimento social

Não está no controle

Falta de interesse em atividades usuais

Solidão

Ansiedade

Humor deprimido

Confusão

Tensão

Desespero

2.3) transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM): trata-se do polo mais grave dentre todos os sintomas ligados ao período pré-menstrual na mulher. 

O termo “disfórico” vem de “disforia” e significa irritabilidade importante. Este é um dos sintomas mais comuns do TDPM, embora não seja obrigatória a sua presença para sofrer deste diagnóstico. É necessário que vários sintomas estejam presentes na maioria dos ciclos menstruais. Estes sintomas devem estar presentes na semana final antes do início da menstruação e deve haver importante melhora do sintomas na semana após menstruar. 

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em sua 5a Edição (DSM 5, 2013) estima que entre 1,8%-5,8% das mulheres sofrem deste diagnóstico e preconizou os seguintes critérios para o diagnóstico de TDPM:

A.       Na maioria dos ciclos menstruais, pelo menos cinco sintomas devem estar presentes na semana final antes do início da menstruação, começar a melhorar poucos dias depois do início da menstruação e tornar-se mínimos ou ausentes na semana pós-menstrual.

B.       Um (ou mais) dos seguintes sintomas devem estar presentes:

1. Labilidade afetiva acentuada (p. ex., mudanças de humor; sentir-se repentinamente triste ou chorosa ou sensibilidade aumentada à rejeição).

2. Irritabilidade ou raiva acentuadas ou aumento nos conflitos interpessoais.

3. Humor deprimido acentuado, sentimentos de desesperança ou pensamentos autodepreciativos.

4. Ansiedade acentuada, tensão e/ou sentimento de estar nervosa ou no limite.

C.       Um (ou mais) dos seguintes sintomas deve adicionalmente estar presente para atingir um total de cincosintomas quando combinados com os sintomas do critério B.

1. Interesse diminuído pelas atividades habituais (p.ex., trabalho, escola, amigos, passatempos).

2. Sentimento subjetivo de dificuldade em se concentrar.

3. Letargia, fadiga fácil ou falta de energia acentuada;

4. Alteração acentuada do apetite; comer em demasia; ou avidez por alimentos específicos.

5. Hipersonia ou insônia.

6. Sentir-se sobrecarregada ou fora de controle;

7. Sintomas físicos como sensibilidade ou inchaço nas mamas, dor articular ou muscular, sensação de “inchaço” ou ganho de peso.

Nota: Os sintomas nos Critérios A-C devem ser satisfeitos para a maioria dos ciclos menstruais dos ciclos menstruais que ocorreram no ano precedente

D.       Os sintomas estão associados a sofrimento clinicamente significativo ou a interferência no trabalho, na escola, em atividades sociais habituais ou relações com outras pessoas (p. ex., esquiva de atividades sociais; diminuição da produtividade e eficiência no trabalho, na escola ou em casa).
E.        A perturbação não é meramente uma exacerbação dos sintomas de outro transtorno, como transtorno depressivo maior, transtorno de pânico, transtorno depressivo persistente (distimia) ou um transtorno de personalidade (embora possa se concomitante a qualquer um desses transtornos).
F.         O Critério A deve ser confirmado por avaliações prospectivas diárias durante pelo menos dois ciclos sintomáticos. (Nota: O diagnóstico pode ser feito provisoriamente antes dessa confirmação)
G.       Os sintomas não são consequências dos efeitos fisiológicos de uma substância (p.ex.: droga de abuso, medicamento, outro tratamento) ou de outra condição médica (p.ex.: hipertireoidismo).

Então, diante do exposto é possível compreender que existem muitas mulheres com importante sofrimento oriundo da condição antigamente chamada de “TPM” e que hoje é mais bem conceituada como síndrome pré-menstrual (SPM) ou transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM). Há critérios operacionais técnicos bem definidos para estes transtornos mentais nas mulheres, que são bastante estudados dentro da psiquiatria.

Estas condições não são “frescura”, “bobagem” ou “fase”, mas sim doenças que trazem um real impacto na vida de muitas mulheres!

 

TPM: como lidar com ela?

 

Método 1: Cálcio e piridoxina (vitamina B6) 

 

Algumas formas de suplementação de micronutrientes, tais como uso de cálcio e piridoxina (vitamina B6), podem ser efetivas para o tratamento dos sintomas pré-menstruais. Também existem alguns estudos com vitamina E e magnésio demonstrando melhora da TPM. 

Existem combinações de dose específicas que podem ajudar a aliviar estes sintomas e, caso você sofra desta patologia, a recomendação é que procure um psiquiatra para analisar se este método é o mais eficaz para você e em que dose. 

 

Método 2: Vitex agnus castus ou árvore-da-castidade

 

TPM
TPM – tratando com vitex agnus castas

 

Este arbusto que vocês estão vendo é o Vitex agnus castus ou árvore-da-castidade. Trata-se de um arbusto originário da região Mediterrânea e há sólidas evidências científicas de que o extrato de vitex pode, em determinadas dosagens, promover alívio dos sintomas pré-menstruais na TPM.

Outros fitoterápicos também foram estudados, como por exemplo a erva de São João, cujo composto hypericum perforatum, parece ter resultados nos sintomas da TPM, mas há menor grau de evidência científica. 

 

Método 3: Terapia cognitivo-comportamental (TCC)

 

Existe alguma evidência de que a TCC, uma forma de psicoterapia extremamente eficaz para depressão, transtornos de ansiedade e outras condições psiquiátricas, ajuda mulheres a lidar com os sintomas de TPM. Para conhecer tudo sobre TCC, leia nosso post completo sobre esta intervenção. 

Algumas variações da TCC tradicional, tais como intervenção baseadas em mindfulness (um método de meditação, também chamado de atenção plena) e a Terapia de Aceitação e Compromisso, já contam com alguns estudos, mas não são ainda métodos consolidados para o tratamento. 

 

Método 4: Tratamentos hormonais 

 

Há diversos tratamentos hormonais eficazes para o tratamento dos sintomas da TPM, mas os mais comumente utilizados são os anticoncepcionais orais combinados. Existem alguns hormônios que são especialmente eficazes no tratamento da condição (drosperinona) e diversos regimes de uso foram estudados (contínuo x descontínuo, por exemplo). 

O uso de hormônios deve ser sempre cuidadoso e há algumas contraindicações bem estabelecidas (por exemplo: riso de câncer de útero e mama; enxaqueca com aura; trombose venosa profunda, etc.), mas este tratamento pode ser especialmente efetivo para as mulheres que desejam anticoncepção.

O ginecologista é o profissional mais habilitado para determinar se a terapia hormonal é viável em um caso específico e qual o regime mais indicado para cada caso. 

 

Método 5: Antidepressivos inibidores seletivos da receptação de serotonina (ISRS)

 

Você pode estar se perguntando: “Como assim usar antidepressivo para tratar sintomas de TPM?”. Explico: a desregulação de serotonina está diretamente implicada nestes sintomas. O bom funcionamento do sistema de serotonina está ligado à melhor regulação do humor, ansiedade, sono e apetite. 

Algumas mulheres parecem ser especialmente suscetíveis às variações hormonais e estas mudanças geram disfunções no sistema de serotonina cerebral, de modo que o tratamento com estes compostos é extremamente eficaz para estas mulheres.

O tratamento é indicado para os casos mais severos (TDPM) e são agentes considerados de primeira linha para esta patologia em todas as diretrizes científicas.

Onde encontrar tratamento?

 

Dr. Igor Emanuel é médico psiquiatra e terapeuta cognitivo-comportamental com experiência do tratamento de sintomas pré-menstruais, TPM, SPM, TDPM e outras condições ligadas à saúde mental da mulher. Conheça agora o currículo e o trabalho dele e trate seu problema já! 

 

Caso você queira conhecer sobre outras patologias referentes à saúde mental da mulher, clique aqui agora para conhecer sobre a depressão na gestação ou aqui para entender a depressão pós-parto (texto original da depressão pós-parto publicado no Jornal O Povo).

 

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